coisas mais ou menos, assim-assim, um pouco ou bastante relevantes que aprendi este ano

praia de paço de arcos, 30 de novembro de 2019

se houver alguém a dizer "2019 foi um ano maravilhoso", fica já aqui o aviso: essa pessoa não vou ser eu. dos 23 anos em que ando a rodopiar com este planeta, 2019 foi o ano mais estranho em termos de - ora bem... - tudo. foi esta a causa de eu ter desaparecido do blog durante uns (largos) tempos, qual d. sebastião em noite de nevoeiro? foi, sim, senhores reguladores da blogosfera. no entanto, vamos lá cumprir aquilo que o título deste post promete, ou seja, falar sobre coisas que aprendi neste ano - assim meio que - tresloucado:
  • as nossas vontades mudam e está tudo bem. porque não somos os mesmos que éramos há 2 meses, 2 anos ou 2 vidas atrás e, à medida que vamos conhecendo outras coisas, pessoas, possibilidades, os nossos gostos mudam, a nossa música preferida muda, o destino da nossa viagem de sonho muda, a nossa profissão de sonho muda. e sabem que mais? está tudo bem.
  • esperarmos pela aprovação dos outros, só nos vai prejudicar. deixa-nos lentos no que queremos fazer, faz-nos rejeitar ideias que podiam funcionar, atrasa-nos por nos fazer pensar no que os outros vão pensar. eu tinha muito o hábito de fazer as coisas e ir pedindo opiniões à medida que as fazia por falta de confiança. deixei-me disso: agora faço tudo como achar que é melhor, confio no que faço e nos meus gostos pessoais e só no fim é que peço opiniões. se concordar: mudo. se não concordar: não mudo. e tem corrido otimamente. 
  • não temos o dever de cuidar de ninguém. este ano foi (também) muito marcado por me ter afastado de uma pessoa. era uma pessoa com quem eu me dava muito mas era muito (MUITO!) negativa, o que me estava a afetar profundamente todos os dias. só que a pessoa era obcecada por mim e sempre que eu me tentava afastar, chorava e manipulava-me e, por várias razões, eu ficava com pena e acabava por dar o braço a torcer e continuar naquele ciclo. tenho a certeza que tentei o meu melhor para que a pessoa se cuidasse mentalmente mas chegou a um ponto em que todos os problemas estavam a vir para mim e, mesmo assim, eu continuava... até ao dia em que decidi que ia embora e fui. a pessoa continua a querer orbitar à minha volta, tenta chegar a mim de todas as formas (o que também me perturba - muito!) mas espero que, em breve, tudo passe. com isto aprendi que, obviamente, devemos cuidar de quem está menos bem mas não é nossa obrigação mantermo-nos presentes se isso também estiver a afetar a nossa vida.
  • é essencial estarmos rodeados de (boas) pessoas. dizem que somos o resultado das 5 pessoas com quem mais convivemos - este ano fez-me não duvidar dessa teoria por 1 segundo que fosse. a certa altura, com todas as coisas menos boas que estavam a acontecer, senti-me muito sozinha e eu, que pensava que era o alex supertramp dos tempos modernos, descobri que essa liberdade tem outro nome: solidão. depois desses tempos e com a entrada de um novo ano escolar, comecei a fazer mais amigos - daqueles com quem nos rimos imenso, com quem temos conversas profundas e que têm a força extra que às vezes precisamos guardada numa caixinha de papel para ser mais fácil de a tirar mal precisemos dela - e agora assumo que sou um dos 101 dálmatas e não consigo passar muito tempo sem amigos à minha volta.
  • em primeiro lugar, eu. não ao ponto de sermos egoístas e ignorarmos as necessidades dos outros em troca das nossas vontades. trata-se de nos pormos em primeiro lugar para que tudo o que temos a fazer seja feito e para que o nosso coração (e cérebro) tenha o sangue a bombear a um bom ritmo e não em modo tgv. é completamente normal as pessoas errarem mas também é normal que comecemos a ficar com um (ou dois) pé atrás quando as bandeirinhas de perigo iminente começam a aparecer, em vez de estarmos constantemente a oferecer bandeirinhas de paz à pessoa.
  • responsabilidade afetiva. basta dizer isso. é importante? não. é importantíssimo. falar sobre os nossos sentimentos e sobre a importância que alguém tem (ou não) na nossa vida é uma forma de proteção nossa e uma forma de cuidarmos dos outros. volto a repetir: é importante? não. é importantíssimo.
  • é importante termos um momento para nós. seja de manhã, à tarde, à noite, seja por 10 minutos ou por 3 horas. é o que nos fizer sentir melhor. este ano descobri que quando acordo à pressa, despacho-me à pressa e vou para a escola à pressa, o resto do dia é todo feito à pressa (mesmo que ela não seja precisa). por ter um horário que me facilitou, neste último semestre pude começar a acordar com mais calma, a fazer exercício logo pela manhã (e quem diria que esta pessoínha peçonhenta ia gostar de exercício, não é mesmo?), a preparar o pequeno-almoço com calma... e o resto do dia é passado com mais calma e só há pressa quando ela tem mesmo de existir (porque também há momentos assim).
  • o amor romântico é bonito mas também é perigoso. e consegue fazer com que todos os aspetos da nossa vida e do nosso dia-a-dia dependam dele se deixarmos que ele tenha as rédeas daquilo que sentimos. talvez por ser algo químico que acontece no nosso cérebro, torna-se viciante e é um pouco - ou seja, muito! - difícil ignorar os - chamemos-lhes - "efeitos colaterais do amor" (e agora, podemos vomitar de riso com esta expressão) mas, já dizia alguém - ou seja, toda a gente! - o que tem de ser, tem muita força, e temos de nos focar de forma a dar prioridade ao que realmente tem prioridade na nossa vida. no fim do dia (e da vida, em geral), o importante é que sentimos amor.

sumo de laranja natural é a representação física da felicidade

este ano, participei numa curta-metragem. éramos 4 e tivemos de fazer a pré-produção, a produção e a pós-produção sozinhos - tudo o que isso incluía. numa altura em que estávamos prestes a morrer sufocados de tanto trabalho, um dos meus colegas, que eu admiro muito por tudo e mais alguma coisa, disse "nunca vou falhar com nada". tenho essa frase guardada desde o dia em que ele a disse - e já foi há algum tempo. penso nela todos os dias porque acho que é (também) nisso que tudo se baseia: o tentar não falhar com nada, com ninguém, nem connosco - mas aceitar que, se acontecer, é normal. o "bom dia" que, às vezes, a vida não nos dá não é mais nem menos do que a parte em que a montanha russa desce de forma abrupta para depois voltar a subir com calma, ponderadamente. não vale de nada estarmos tristes por estarmos tristes. o melhor a fazer é aproveitar essa fase em que estamos mais frágeis para conversarmos connosco próprios e pensarmos no que temos feito, no podemos fazer melhor, no que queremos mudar. não aceitarmos falhar connosco.

este verão foi um bocadinho terrível mas sinto que estou na altura em que a montanha russa começa a subir. precisava de fazer este post para me sentir melhor - e sinto. há dias em que acordo e ainda me apetece gritar para que todos desapareçam, voltam os pensamentos que nada vale a pena e apetece-me contratar 20 psicólogos, 45 psiquiatras e 80 santos milagreiros para ver se alguma coisa resulta e posso voltar ao normal mas é bom ver que, pouco a pouco, já vou começando a voltar a sentir emoções, a ter ideias criativas, a achar a vontade de fazer música, de fazer vídeos, de escrever coisas para além de só pensar no que faz mal e ficar à espera que tudo me caia do céu ou apareça feito em vez de o fazer. afastarmo-nos de toxicidade é tão importante e aí sim, podem vir os tais santos milagreiros à vontade só para lhes mostrar o que é um verdadeiro milagre. aaaah, a vida tem tanta coisa boa para viver!

coisas boas que descobri/vivenciei ultimamente:

  • sumo de laranja natural que existe em alguns supermercados e que têm de ser os próprios clientes a encher a garrafa. melhor coisa do mundo? não sei. anda lá perto? anda. especialmente quando está em promoção.
  • salame de chocolate. mais nada a dizer.
  • lasanha de lentilhas. experimentei cozinhar lentilhas pela primeira vez e correu bem (sorte de principiante, diria). pensava que a lasanha ia ficar - digamos - menos boa e ficou ma-ra-vi-lho-sa! um dia destes coloco aqui a receita.
  • a vontade de criar coisas anda a voltar e sabe tão bem quanto comer lasanha de lentilhas acompanhada de sumo de laranja natural ao almoço e salame de chocolate para sobremesa.
  • fiz uma limpeza de pessoas que sigo no instagram (a rede social onde passo mais tempo) e, parecendo que não, ajuda mesmo a sentirmo-nos melhor - e a verdade é que, inconscientemente, a internet e as redes sociais fazem cada vez mais parte do nosso dia-a-dia e temos de tratar do ambiente em que nelas escolhemos estar.
  • já fui várias vezes à minha praia preferida desde que voltei para lisboa, a reação alérgica não disparou nunca e percebi que, na verdade, a fonte da telha estava só com medo que a trocasse por outra e fez com que a minha pele só se desse bem com ela. eu sei que este tipo de atitudes não é tolerável em nenhuma relação mas... amo-te para sempre, fonte da telha, não eram precisos esses ciúmes doentios!
  • como a água da praia da vieira era ge-la-da, a água da fonte da telha está a parecer vinda do equador (não sei se a água do equador é quente mas estou a assumir que sim) e, então, no outro dia estava tão bem que deixei-me estar de molho mesmo quando já era hora próxima a ir embora e pus-me só lá a flutuar, a voltar para me encharcar de areia e ir tirar a areia ao mandar altos mergulhos, como se já não fosse uma adulta (cof cof cof) com responsabilidades e 10 filhos para criar. isto parece tudo muito bonito até me terem entrado 4878393 ondas pelo nariz adentro, ter quase ficado cega de um olho à pala de uma delas e ter de pôr manta e toalhas no banco do carro porque ainda estava ensopada (feita em sopa, portanto) quando me fui embora.
  • comprei os ténis mais baratos e confortáveis que alguma vez calcei na vida e um bikini que me deixa quase sem mamas (amén!).
  • e agora a revelação por que toda a gente anseia, ou seja, o que disse que tinha para contar neste post: arranjei mais uma vez bilhetes para ir a mais um concerto dos melim. fui a primeira pessoa a chegar ao recinto (sabem o anjo das frontlines de que falo sempre? estava lá outra vez!), consegui ficar à frente e no meio e, apesar de já ter ido a vários concertos e ter gostado muito de muitos deles, digo com toda a certeza que este foi o concerto mais bonito e com a melhor energia em que já estive. estava num daqueles momentos em que me apetecia contratar aquela gente toda que falei acima para me virem salvar mas deixei-me levar naquela energia toda e foi das coisas mais lindas que já vivi e, se pudesse, ficava a viver naquele concerto o resto da minha vida inteira (com o héber marques no coro e o nelson évora nuns passos de dança porque não ia aguentar o resto da vida sem os ver, óbvio).
meu abrigo - melim
que coisa mais lindaaaaa!

natiruts - sorri, sou rei
este ano tinha planeado ir ver os natiruts a viseu mas não deu para ir. no entanto, vi os melim, à minha frente, a cantarem uma das minhas músicas preferidas dos natiruts (e da vida!). haverá muito melhor que isto?

a banda mais bonita da cidade - oração
quem disser que neste momento eu estava lavada em lágrimas de felicidade por dentro está completamente correto.

o meu crush dos melim deu-me um beijinho? deu, senhores. mas aqueles gritos de histeria do vídeo não são meus, ok? eu deixo a nossa relação bastante privada, finjo só que não estava muito pior do que aqueles gritos por dentro porque, já dizia aristóteles, "quem não sabe, não estraga", não é verdade? mas sim, desde esse dia que tenho um papel na bochecha a dizer "o diogo melim já beijou aqui".

procuro pessoas da praia da vieira para amizade verdadeira, sem interesses nem segundas intenções (obviamente!)

se tenho outro post escrito há que tempos com coisas que aconteceram há que tempos e que tenho de partilhar há que tempos? tenho. mas aiiii, senhores, que eu cheguei de férias de um lugar paradisíaco e nem foi preciso sair de portugal - fui para a praia da vieira, em leiria, e estou a-pai-xo-na-da! quero voltar lá para o ano? não - quero voltar já hoje, agora, na minha próxima expiração e ficar lá para sempre. andava eu a querer muito ir porque já estava farta de estar no meio da cidade mas, ao mesmo tempo, a não querer ir porque não parecia nada de especial e agora passo o dia a ver os preços das casas para comprar, montar uma hortinha, adotar dois cães, abrir uma frutaria e ir viver para lá.

coisas que aconteceram nestas férias:
  • comi crepe de chocolate fora de casa pela primeira vez - estava delicioso!;
  • conduzi passado uns quantos meses - numa estrada que era uns 5 minutos sempre a andar em frente. quando comecei a ver as curvas e as rotundas a aproximarem-se, tive logo de ir para o lugar do pendura porque (ainda) tenho demasiado medo de conduzir;
  • fui a são pedro de moel, a pedrógão, à nazaré e a são martinho do porto;
  • encontrei-me com os meus primos na figueira da foz e fomos ver o pôr-do-sol ao pé do farol do cabo mondego e foi muito muito muito (...) muito bonito;
  • estive sem internet durante a semana inteira e soube muito bem, embora tenha confirmado que estou viciadita porque é estranho ficar sem ver instastories, sem saber onde as pessoas andam, quais os novos vídeos no youtube... mas agora estou a usar este pretexto para obrigar-me a usar menos o telefone - e a conseguir, senhores!;
  • vi um concerto dos ar'lindo e os tachos e foi muito engraçado!;
  • vi um concerto dos quem é o bob? e foi muito giro!;
  • vi um concerto da aurea - que canta nas horas (não sei o que significa esta expressão mas sei que é bom) porém não cantou a minha música preferida dela (esta - até me babo!) porém cantou uma música que parecia que só eu naquela multidão sabia (esta) e então senti-me num dueto porém toda a gente tem de ir ouvir porém não tenho mais nada a dizer;
  • fui a rainha da máquina de lavar roupa daquele conjunto de casas - é um motivo de orgulho já que ninguém mais sabia usar (era uma máquina partilhada para 4 casas) e nunca acerto com a máquina que tenho em casa;
  • tive a primeira reação alérgica da minha vida e tive de ir ao hospital porque estava já a sentir a dona morte a chamar por mim ao fundo do túnel (e eu que ficava sempre pasmada quando via pessoas de férias a irem ao hospital...) e tive de levar soro (ew) e tomar comprimidos e espalhar pomadas. e fui proibida de ir à praia e de comer ovos, chocolate e citrinos - que, por acaso, foi tudo o que fiz no dia seguinte e voltou a reação alérgica mas não fui ao hospital porque passei um bocadito de um creme chamado "vergonha na cara".
  • percebi, mais uma vez, que a minha gata é a coisa mais fofa e linda que há no universo inteirinho. até com auroras boreais ela podia competir que ganhava. olhem só para isto:

olá, malta. leiam este post e recebam o diploma de psicologia oferecido por mim. obrigada.

absorvemos todas as energias de todas as pessoas, situações e lugares que nos envolvem e é delas que somos feitos. por isto, para não nos tornarmos em algo que não faça sentido para nós, temos de ter cuidado para não sermos absorvidos quando daí vêm energias negativas. foi o que me aconteceu.

o ambiente da faculdade em que ando não é o meu ambiente - gosto de lá estar, gosto da criatividade que o curso me obriga a ter mas os dias não são tão divertidos como eram, por exemplo, no secundário. por isso, acabei por me juntar à pessoa que mais me pareceu idêntica a mim e àquilo que gosto e com que me identifico porque, com ela, os dias não eram só ir à escola - estudar - voltar para casa. íamos conhecer e estudar para sítios diferentes e falar de mais coisas que não a escola, as aulas, os testes. no entanto, esta amizade, descontração, elogios constantes e apego eram disfarce para algo mau, sério e preocupante: toda esta afinidade acabou a revelar ser dependência e obsessão por parte da outra pessoa. começou a obrigação de ter de fazer tudo com essa pessoa, as faltas de respeito contínuas, seguidas de pedidos de desculpa, que vinham com ameaças de suicídio com várias justificações, seguidos de voltar tudo a acontecer novamente. um ciclo vicioso, contínuo e eterno.

esta pessoa revelou, então, ser o meu completo oposto, sendo que acabei por me tornar um pouco nesse mesmo oposto sem me aperceber - tudo o que menos queria: a negatividade sobre cada passo que dava e cada decisão que fazia, a constante comparação aos outros, o sentir ser inferior a todos e que nunca vou chegar a 1% daquilo a que me estabeleço. comecei a fazer coisas sem sentido, sem ter noção de nada, deixei de querer ler, de querer e de conseguir fazer música porque desistia a cada dificuldadezinha e tinha sempre o "não consigo" instalado na minha cabeça, deixei de achar piada vir ao blog, pensava sempre que tudo estava errado, que nada valia a pena arranjava 10 problemas para cada solução. foi a partir do momento em que deixei de sentir as coisas que percebi que estava com algum problema em mim: já não aproveitava o vento da rua para pôr os cabelos a bailar, todas as músicas pareciam-me mais do mesmo, o brilho do sol tinha tanto valor quanto a luz de uma lâmpada. e eu nunca fui assim. e sentia-me agoniada por estar a ser assim. aquilo não era eu. não haviam músicas alegre, frases de positividade, idas à praia que resolvessem o problema, então ficava só ali - a existir. é muito mais fácil irmo-nos abaixo e deixarmo-nos lá ficar do que ganhar forças para voltarmos para cima.

o problema estava mais em mim que deixei que tudo aquilo me influenciasse e me mudasse e talvez não tanto na outra pessoa. no entanto, não nos conseguimos desamarrar de um problema andando de mãos dadas com ele. decidi que ia aproveitar estas férias de verão para largar essa pessoa. por mais imaturo que possa parecer, não disse nada e simplesmente deixei de responder às mensagens porque esta situação já aconteceu tantas vezes e acabo sempre por voltar à suposta amizade que temos porque não quero que ninguém se suicide por minha culpa e, tendo a pessoa uma perturbação mental diagnosticada (depressão, e está a ser seguida por um psiquiatra), eu tenho medo que lhe aconteça algo e fico a cobrar-me por isso, a pensar que sou má pessoa e que é errado deixar uma pessoa sozinha (porque ela recusa-se a fazer mais amigos para além de mim). já tentei tantas vezes lidar com os demónio dela ou tentar mudá-los que foram eles que acabaram a mudar-me a mim de tal modo que, hoje em dia, tenho medo deles. perante isto, a pessoa começou a mandar-me mensagens todos os dias, ora mensagens normais como se nada tivesse acontecido quanto mensagens de desolação profunda a fazerem sentir-me mal, e chegou ao ponto de mandar mensagens para os meus familiares e amigos.

entretanto, já falei com ela, que, mais uma vez, fez um grande escarcéu, falou de suicídio e pôs as culpas todas nela própria, fazendo sentir-me mal, e disse que sentia que o nosso problema era precisarmos de um espaço uma da outra e que, quando voltássemos às aulas, voltaríamos a falar. mas eu não quero falar porque sei que não vou ter força suficiente para dizer que não quero mais dar-me com uma pessoa assim, não quero ouvir mais choros, mais ameaças de suicídio, mais faltas de respeito, mais desculpas. não tenho capacidade mental para lidar com tudo isto e comecei a ser como ela mas não é assim que eu quero acabar. com este afastamento, tenho-me sentido melhor e já começo a dar valor às coisas e a sorrir e a rir mais mas os últimos tempos não têm sido fáceis: há dias em que estou pior, há dias em que estou melhor, há dias em que me cobro por não estar a ser suficiente para uma pessoa com sérios problemas, há dias em que percebo que não posso deixar que isso me afete porque também tenho uma vida para viver e que não pode ficar estagnada como tem estado porque há tantas coisas bonitas a fazer.

fui a um festival de verão e não estive em nenhuma fila de brindes - o relato de uma pessoa estranha

já esteve mais longe o dia em que este blog se torna um blog de conjeturas concertuais - ou, falando na linguagem comum, um blog sobre opiniões que ninguém me pediu acerca de concertos a que fui. depois será nomeado como o pior blog dentro dessa categoria mas se isso significa ganhar bilhetes para ir a concertos à mesma, eu aceito - especialmente se forem deste tipo de milagres que aconteceu. andava eu todos os dias a gritar aos sete ventos que queria ir a um concerto do tiago nacaratoemicida e dos ornatos violeta (sobre ir a um concerto do daniel caesar, eu grito às tempestades, é por isso que ainda não aconteceu). que aconteceu, então? o meu irmão perguntou-me se queria ir ao nos alive. claro que tudo o que é de graça (e que tem graça, claro!), a gente aceita e lá entrei eu na onda. "é dia quê?" - por mim, até a orquestra das formigas aceitava ir ver mas fiquei interessadita. "dia 11". fui pesquisar quem ia andar pelo festival nesse dia e temi que eu não fosse uma dessas pessoas a estar presente, tal o chilique que me deu. o milagre aconteceu: tiago nacarato, emicida e ornatos violeta no mesmo dia. no.mesmo.dia. também vi linda martiniweezer e uma banda que ainda não sei quem é - é por isto que somos o pior blog - porque estava a degustar uma bifana de seitan e cheguei a 2 músicas do fim. e como o reles blogzito que somos, vamos já passar à parte mais wild do dia sem antes fazer uma introdução (até porque a introdução seria só "vi. assisti. apaixonei.":

tiago nacarato - a dança
este gajo é incrível. inc-rív-el (não está separado pelas sílabas certas como forma de simbolismo à pasmadice com que fiquei ao vê-lo). eu já sabia que ele era demais mas... socorro, né? agora estou ansiosa (!!!!!) pelo álbum dele e passo os dias agarrada a um cronómetro só a contar o tempo que falta para o álbum sair (só fiz uma pausa para escrever este post porque sabia que ia falar dele) e estou pronta para lhe pedir uma indemnização pelo tempo de vida que passei sem o ouvir.

emicida - a chapa é quente
sabem quando os brasileiros dizem "é foda!"? sinto que o emicida é a personificação dessa expressão: que energia!!! desde este dia que ninguém me contraria a teoria que este ano o nos alive usou o emicida em vez de uma empresa qualquer de luz. e mais: só queria deixar aqui claro para a eternidade (porque o que se coloca na internet, não sai nunca mais da internet) que o emicida sabe que eu existo.

ornatos violeta - ouvi dizer
se eu sei quem sou depois disto? eu não sei.

ornatos violeta - deixa morrer
a primeira pergunta que fiz aos médicos mal nasci foi: qual é a sensação de se ouvir a música preferida de uma banda que nunca na vida se pensava ser possível ouvir ao vivo? eu tinha acabado de nascer mas ouvi um sussuro a dizer "calma, minha menina, no dia 11 de julho de 2019 saberás a resposta". e soube. mas não sei explicar qual é a sensação mas foi, com certeza, melhor que comer pizza com sumo de laranja natural e gelado à sobremesa - que só por sim é maravilhoso, então imaginem... e a melhor parte nem foi ter ouvido a minha música preferida dos ornatos ao vivo; foi ouvir o manel cruz a dizer que achava que aquela era uma das melhores músicas dos ornatos. sim, é. confirmo, comprovo e atesto.


coisas menos boas do nos alive (estas vêm primeiro para depois virem as boas e acabarmos o post com positividade):
  • o staff não é a coisa mais organizada de sempre. levei o meu cantil de 0,8 L já com 80% de certezas que seria barrado à entrada. perguntei a 2 pessoas do staff, antes de entrar, se achavam que podia entrar com o cantil - porque a distância da entrada no recinto ao bengaleiro (onde se podem guardar este tipo de coisas) ainda dá para uns quantos passitos a pé e convinha não andar para trás e para a frente. não sabiam. cheguei à entrada do recinto, o senhor agente que me revistou também não sabia se podia entrar com o cantil e perguntou a um colega que disse que não podia. "ok, então vou pô-lo ao bengaleiro", disse eu. "podes deixar aqui e depois quando saíres vens buscá-lo", respondeu o senhor agente. olhei para o chão e já estavam lá vários outros cantis. tudo bem, deixei o meu também. ao sair, não havia cantis em lado nenhum. fui perguntar onde estavam os cantis, ao que me respondem "todos os cantis aqui deixados foram deitados no lixo". hmmmm... que bom saber!
  • sendo que não é possível entrar garrafas, os preços da água dentro do recinto davam para comprar uma etar inteira e, quando se compra, tiram logo a tampa, sinto que devia sair do nos alive (e de outros festivais e concertos, porque é comum) já com o diploma de licenciatura em engenharia civil só pela destreza que tenho de ter para que uma garrafa sem tampa não me molhe a mochila toda - isto é, se não quero estar com um copo de água ou uma garrafa (sem tampa, claro) na mão durante o dia todo.
coisas boas do nos alive:
  • só lá estive 1 dia e nem sequer andei muito pelo recinto mas, do que vi, o ambiente é super descontraído e familiar, era capaz de ir ao festival sozinha e sentir-me super segura;
  • o tempo de espera entre os vários concertos que acontecem é relativamente curto;
  • o facto de haverem coisas a acontecer (seja música, seja comédia) em vários palcos é também um ponto positivo (caso não sejam dois artistas/bandas que queremos ver e estejam a tocar ao mesmo tempo) porque não temos de estar 3974126 vidas à espera para um determinado concerto e podemos ir vendo outros em diversos palcos;
  • não sei se o anjo das primeiras filas de que falei no post anterior está mesmo a meu lado mas a verdade é que em todos os concertos a que fui (e foram em 3 palcos diferentes, sendo 3 deles no palco principal), fiquei sempre à frente em todos e acho que é relativamente fácil consegui-lo, desde que não se vá para lá mal esteja a começar ou vá, a 5 minutos de começar;
  • uma das coisas que mais me deixa desconfortável em festivais ou feiras deste tipo é que a única coisa que têm para eu - pessoa que não come carne - comer é caldo verde que, na maioria das vezes, leva chouriço, o que me deixa enojada e acabo só a comer pão com manteiga. mas o nos alive tem muita opção de comida e então fui experimentar uma bifana de seitan da veggie lovers truck que, para além de ser delicioooooooosa e vegan, não é nada cara comparada com os preços que se estavam a fazer dentro do festival.